domingo, 11 de dezembro de 2011

Uma pizza de cinema!

A história que vou contar hoje se deu na primeira vez em que fui com a família da minha ex-namorada à pizzaria; pensando bem, era a primeira vez que saíamos para qualquer coisa; é claro que minha ex-sogra estaria junto; aí, sabe como é, mãe da namorada, a gente quer impressionar; lembro de ter perguntado à minha ex um dia antes qual era a pizza favorita da mãezona; na noite seguinte, quando o garçom falasse, junto à nossa mesa, o nome da pizza favorita da minha sogrinha, eu pediria um pedaço também, apenas para mostrar a ela que tínhamos mais em comum do que o amor por aquela linda loirinha; não importaria se eu não gostasse do sabor, se nem mesmo jamais houvesse sequer escutado falar na tal pizza; eu tinha que pedir um pedaço; e comê-lo, naturalmente. E a pizza se chamava Califórnia.



Durante todo o dia seguinte eu esquecera várias vezes o nome da pizza e passara o tempo todo ligando para minha namorada, a fim de que ela me lembrasse; por mais que me esforçasse, não conseguia guardar de jeito nenhum o raio do nome ‘Califórnia’. Não podia imaginar quem, em seu juízo perfeito, daria o nome ‘Califórnia’ a um sabor de pizza. Então, bolara uma estratégia: eu pensaria em algum lugar dos Estados Unidos, cujo nome fosse polissílabo. Logo, o nome ‘Califórnia’ viria à minha mente, rápido como num passe de mágica. Seria fácil assim.


Finalmente, a noite chegou e nos encontramos para sair. Ao descer do táxi, o nome da pizza favorita da minha sogra ainda estava fresco em minha memória; mas, à medida que a noite transcorria, os inúmeros nomes de pizza captados por meus ouvidos, vindos de todos os cantos da casa, aliados ao consumo elevado de bebida alcoólica fez com que me esquecesse totalmente do maldito nome da pizza favorita da minha sogra. E agora? Qual seria? Lembrava que havia uma associação com o nome de um lugar nos Estados Unidos; mas não conseguia ver associação entre um território americano e comida; seria pizza de waffles? Não, era um nome mais longo; pizza de chucrute? Não, isso é comida alemã; Deus, preciso me lembrar, eu preciso! O pior é que podia ser que até já tivesse passado e eu não tivesse visto; minha chance de fazer uma média com a velha tinha ido pro espaço! É nisso que dá muita cerveja!


De repente, me lembrei de um detalhe importantíssimo: era um nome polissílabo! Comecei então a tentar enxergar semelhança entre qualquer lugar acima do novo México e ingredientes usados para fazer pizza: “Oklahoma” não era; “Mississipi” também não; era com a letra “A”; “Alabama”, pensei, descartando em seguida; “é com C”... “Cincinnati? Também não; “Massachussets”? não, não tinha “M”. Comecei a tentar me lembrar o que acontecia nesse lugar que pudesse ser conhecido no mundo todo; e logo me veio a resposta: cinema; ainda assim, o nome em si, não me vinha; o mais difícil, no entanto, era administrar o esquecimento (estando bêbado!) e fazer cara de “nada está acontecendo”, para os outros presentes à mesa; em especial para a minha namorada que, naturalmente, estava notando as minhas reações faciais, típicas de quem está tentando lembrar de alguma coisa.


Foi nessa hora que um garçom se aproximou de nossa mesa e começou a falar:


- Boa noite, pessoal. Desculpem, mas notamos que nosso rodízio já se completou na mesa de vocês; assim, para garantir sua satisfação, estamos dispostos a perguntar se algum de vocês tem um ou outro sabor preferencial; dessa forma, traremos mais pizzas desse sabor, evitando assim que vocês tenham que esperar o ciclo do rodízio se fechar novamente.


Nisso, um cliente passou por nossa mesa, rumo ao banheiro; ao acompanhá-lo com o olhar, pude ver que as costas de sua camiseta estampavam um mapa da América do Norte e então, tudo ficou claro! O nome da pizza me veio de imediato e senti-me ridículo por tê-lo esquecido da forma como o fiz; agora, eu só tinha que responder ao voluntarioso garçom dizendo o nome da pizza favorita da minha sogra, para que ele nos trouxesse um montão de fatias; ignorando totalmente o detalhe de que o nome verdadeiro era polissílabo, ergui minha mão direita e, com a voz tão engrolada quanto só a de um bêbado pode ficar, bradei – para estupefação de todos, na mesa:


- Hollywood, por favor!

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