sábado, 17 de dezembro de 2011

Pau que bate em quem?

No mundo globalizado de hoje, onde as notícias voam, muitos já sabem que a gravadora Sony Music foi condenada a pagar um milhão e duzentos mil reais a dez ONG’s que lutam contra o racismo; para quem não lembra, a função vinha rolando desde 2006; na época, o então cantor e atual deputado Tiririca lançou um CD contendo uma música chamada “Veja os cabelos dela”, cuja letra, de acordo com a acusação, instigava ao racismo; a gravadora fora condenada a pagar 300 milhões de reais, mas recorrera da decisão; agora, a sentença deve ser irrevogável.



Antes de tudo, devo dizer que não conheço Tiririca como músico; à exceção, talvez, por conta de “Florentina”, hitzinho pré-fabricado e que durou tanto quanto tantos outros à semelhança dele; a julgar por “Florentina”, devo dizer ainda que não gosto de Tiririca como músico; e sei que muitos compartilham dessa opinião, mesmo que não a expressem publicamente.


Entretanto, cabe aqui um questionamento: não é de hoje que, vez por outra, surgem músicas de teor contundente, sem que isso seja levado aos tribunais; Gabriel, o Pensador, chamou as louras de burras e isso virou uma verdade quase absoluta, ainda que sob a forma de piadas das quais, as próprias louras dão risada; também Chico Buarque, famoso por ser considerado profundo conhecedor da alma feminina, um dia jogou pedra na Geni, porque ela era boa de cuspir e, até onde se sabe, nunca desembolsou um centavo por causa disso; há ainda o exemplo do futebol, onde vale tudo (inclusive meter a mãe do outro no meio) menos chamar de macaco; e nessas circunstâncias, vamos imaginar quantas vezes o inesquecível humorista Antônio Carlos teria processado Renato Aragão, se contabilizasse todas as vezes em que Didi tratou Mussum com “racismo”? Esses exemplos bastam; poderia citar muitos outros;


Talvez seja como naquela piada, onde o pedreiro, todo sujo de cimento, precisa ir ao banco e é barrado na porta giratória; ao questionar o segurança por que o homem trajando terno e gravata pôde passar direto, recebe a seguinte resposta: “é que ele já deixou os objetos de metal antes”; em ambos os casos, me parece um exemplo óbvio de perseguição não declarada; aliás, com o advento da lei que pune o racismo com prisão, me parece que a situação ficou ainda pior; não apenas ele (o racismo) não desapareceu de fato, como agora está sendo praticado nas formas mais sutis possíveis.


Como disse, não gosto das músicas de Tiririca; melhor dizendo, não gosto da única música dele que já escutei; não o conheço como pessoa e não gosto dele como artista; também não tive ainda notícia de algo que ele tenha feito como parlamentar; mas não acho que nada disso seja motivo para que ele seja perseguido; a lei não é igual para todos? É preciso bom senso para reconhecer a tênue linha que divide a piada pura e simples da intenção de agredir; do contrário, em pouco tempo a censura estará de volta; para proteger os ditadores; desta vez, não os da política; mas os ditadores da arte.

Um comentário:

Mark disse...

auhsuahsuahsuasuahushas
Morri aqui com essa: "Chico Buarque, famoso por ser considerado profundo conhecedor da alma feminina, um dia jogou pedra na Geni, porque ela era boa de cuspir" auhsauhsauhs