terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Uma noite nos anos 80

Passavam exatos trinta e três minutos das nove da noite de 12 de Abril de 2011 quando Marie Friedriksson e Per Hakan Gessle, juntamente com sua banda de apoio, subiram ao palco. Dezoito anos depois, o Roxette estava novamente se apresentando em Porto Alegre.



Alequis, meu amigo que na pré adolescência me explicara o que significa “Dressed For Success”, não estava ali ao meu lado, quando a música assim intitulada abrira o show; mas para mim, foi como se estivesse; como certamente foi para cada uma das mais de seis mil pessoas presentes no local. Durante as duas horas que se seguiram, todos reviveram momentos de suas vidas que foram embalados pelas músicas da dupla sueca; amizades que se construíram e se desfizeram; incontáveis manhãs ou tardes na saída da escola, munidos de walkman nos ouvidos, com ou sem fita cassete; foram trilhas de filmes de cinema, de novelas de TV e da vida real; foram brincadeiras infantis que foram sendo sistematicamente substituídas por baladas; foram primaveras e verões, mas foram outonos e invernos; foram namoros, foram noivados e quem sabe, casamentos; foram os discos de vinil, os CD’s e o mp3; e quando Marie Friedriksson introduziu “lay a whisper”, foi como se a própria Julia Roberts estivesse ali, sentada na limusine indo embora do hotel, como na emblemática cena de Pretty Woman que ajudou a imortalizar a canção “It Must Have Been Love” e a própria banda.


Visivelmente debilitada por conta de sua luta contra o câncer, Marie deu claros sinais de cansaço ao longo do espetáculo; os agudos e os saltos de oitava que a consagraram também não se fazem mais ouvir; mas isso, para a platéia, pouco importou; todas as vozes que compareceram ao show bradaram elas mesmas a plenos pulmões os refrões que mais de uma geração aprendeu a amar – por vezes, chegando a abafar a própria música, coisa que eu só havia visto em vídeo dos Beatles! Em vários momentos, a banda parou de tocar e uma só voz se fez ouvir cantando “Spending My Time”, “Every Time You Leave” e “Joyride” entre outros sucessos; na grade de proteção da pista superior, fora estendida uma faixa na qual se podia ler “dött att lyssna Roxette” algo como “ouvir Roxette até a morte”, juntamente com uma bandeira da Suécia. Foi, enfim, uma noite onde se pôde acreditar que até mesmo o maior poeta da música de todos os tempos estava errado. Não. O nosso sonho não acabou! Ao contrário, está mais vivo do que nunca, nas vozes de Marie e Per.


Cerca de onze e meia da noite, após o guitarrista da banda ter solado o hino rio grandense em sua guitarra, aumentando ainda mais a celeuma causada entre os espectadores, Marie e Per começaram a dizer adeus aos gaúchos; antes ainda foi possível conferir uma versão acústica de “Things Will Never Be The Same”, executada apenas pelos dois. O sentimento que ficou? A saudade e a sensação de que o próprio tempo não passara, nestes dezoito anos em que tanta coisa mudou no mundo e em nossas vidas. Mas mais do que isso, talvez o sentimento mais forte possa ser sintetizado nas palavras de outro medalhão, dessa vez da música brasileira: que bom se essa música não terminasse jamais!

Um comentário:

Mark disse...

Nossa que triste... (Marie) :/