segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

A César o que é de César

Aos poucos, porém fiéis amigos-seguidores que SEI que passarão por aqui, saudações!

Muito bem, fim de 2008. Para muitos, um ano bom, para outros nem tanto. Como sempre.

Mas este blog é para falar de futebol, lembram-se? Então, na base da retrospectiva, vamos retomar o assunto, deixado de lado nos últimos tempos.

Falou-se muito em Internacional e Grêmio por aqui. Como em todos os anos.

Mas nunca falou-se tanto no aspecto existencial das torcidas.

É visível que a rivalidade cada vez mais está abandonando as quatro linhas e indo para o campo pessoal. Torcedores acusam-se mutuamente de arrogante, homossexual, favelado, ladrão e outros "adjetivos" que nada têm a ver com bola rolando. É claro que nunca na história alguém chamou o adversário de vossa excelência em campo de futebol. Mas a gozação deu lugar à intolerância, à incapacidade de se conviver com a diferença, levantando a questão: onde isso irá parar?

Os tais xingamentos, "arrogante" e "maloqueiro" (para citar apenas dois exemplos) não são, de fato, fruto da imaginação dos torcedores. O Grêmio, clube de origem alemã, ainda carrega o estereótipo de ter sido um "time racista", no início do século idéia errônea transmitida de geração a geração - de colorados - por pessoas que não sabem ou fingem não saber da verdade. Os colorados por sua vez, erguem a bandeira de clube do povo, abrangendo as classes menos favorecidas economicamente da sociedade gaúcha.

É tudo verdade. A diferença está na origem.

O Grêmio foi fundado em 1903 por imigrantes alemães, povo que deu início à industrialização da capital gaúcha. Naturalmente, tratava-se de gente bem posicionada economicamente. Seis anos depois, surgiria o "clube do povo" reunindo em seu elenco negros e brancos pobres, que até então não podiam praticar o futebol.

Mas por que "não podiam"?

Porque uma bola de futebol vinha da Europa e custava horrores de dinheiro!

Ninguém do Grêmio jamais dissera "aqui não entra preto".

E ainda que tal tivesse ocorrido, vale lembrar: naquele tempo, não gostar de negros não era nenhum crime.

Ocorre simplesmente que o futebol era um esporte altamente eltista. Donos de bolas de futebol eram nobres, de família rica, com passeios constantes pelo velho continente.

Seria mais ou menos como se o dono deste blog abrisse um golf club na favela.

Haveria interessados? Certamente. Mas não é jogo para eles.

Duvida? Suba num morro e pergunte a um morador qual o esporte favorito dele.

Se ele disser "eu gosto de golf, claro!" eu não toco mais no assunto.

O Internacional introduziu no futebol uma classe de pessoas dominada pela quantidade e não pela qualidade, como até então havia.

Agora, antes de escrever um comentário ofensivo ao dono do blog, pare e pense um pouco: por que motivo você perde tanto tempo na fila do supermercado? Por que razão você sai com o carro e não encontra vaga para guardá-lo?

No centro de todos os males, está o fator "quantidade".

ISTO É FATO!

Os recentes títulos fizeram surgir nos colorados um "ar esnobe", mas que não combina muito com eles.

Isso se parece com aquele quadro do rapaz assalariado que compra um tênis de 500 reais em 10 vezes e vai pra balada dos filhinhos de papai, achando que faz parte da turma.

Time para se grande, tem que nascer grande!

Se não, vira a outra história da princesa que assim passou a se chamar não por haver nela nobreza, mas por casar com um príncipe.

Para a corte, ela sempre será vista como a ex-plebéia. E ela é mesmo!

Não vai faltar também quem se lembre do triste episódio do gre-nal em que banheiros instalados no Beira- Rio foram incendiados pela torcida do Grêmio. Eu escuto essa história com frequência, como tentativa de respaldo por parte dos colorados.

Não tem nada a ver!

Ora, o Grêmio enquanto clube, mantém a essência. Mas o time do Grêmio de hoje, também é um time de massa. Os inúmeros títulos fizeram isso. Aliás, é para isso que se ganha título, não? Atrair mais torcida, mais quantidade... epa! Quantidade! Isso me lembra um problema...

Tá claro ou precisa desenhar?

Melhor do que desenhar, vou dizer a vocês algo que aconteceu comigo em 2006, quando escrevi, em outro site, que a Libertadores do Internacional naquele ano foi conquistada sem dificuldades, devido à fraqueza dos adversários - salvo a final contra o SPFC.

Um senhor que lera me xingou de todos os nomes possíveis na ocasião. Mais: quisera me agredir com uma faca de açougueiro!

Detalhe: o cara é pai de um dos meus melhores amigos(!)

Diria de dois, pois ele tem um irmão(!!)

Também na internet, o comportamento do colorado é o mesmo. Acesse o blog de um jornalista que fale sobre uma derrota do Inter. Os comentários (a maioria em português grotesco) não diferem muito da atitude do pai dos meus amigos.

Ah, essa inclusão digital...

E não preciso dizer para que time torce o tal senhor, certo?

A césar, o que é de César.

E a todos os poucos, porém fiéis seguidores que SEI que passarão por aqui, um forte abraço e um 2009 cheio de realizações e felicidade!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Lembranças de vários verões

O ano está acabando e para quem gosta de (e tem capacidade mental para) enxergar mais longe, a década também está.

Afinal, o que é um ano pela frente, se nove já ficaram para trás?

Há cerca de quatro anos atrás tive um pensamento, mas achei que fosse cedo para manifestá-lo. Agora me parece o momento certo, apesar de ainda faltarem doze meses para o fim da década.

Eu pensei no seguinte:

Lá na metade do século, quais seriam as coisas pelas quais a época em que vivemos seria lembrada. Sobre que coisas os mais jovens ouviriam falar e pensariam "isso é do princípio do século"? Considerando os fatos ocorridos entre o ano 2000 e o ano 2010.

Eis alguns objetos/fatos que têm, a meu ver, grandes chances de estarem na lista:

Celulares multifuncionais;

Retorno de bandas desaparecidas, com "novos trabalhos", a maioria, acústicos com uma ou duas músicas inéditas;

Aparelhos de TV com alta definição de imagem;

Bicicletas movidas a bateria;

Internet sem fio (por um preço acessível a todos);

Faculdades que oferecem cursos superiores on-line;


Se alguém lembra de alguma outra coisa, pode acrescentar que será bem aceito.

Mas claro, não vale esperar até o fim de 2010.

Um grande abraço a todos os poucos, porém, fiéis amigos-seguidores que SEI que passarão por aqui!