sexta-feira, 11 de maio de 2012

Amigos Para Sempre

“Alô, Luciano? É o Thiago. Tô te ligando pra dizer que a gente tá mudando de quadra”. Com esta frase, meu amigo e colega de futebol semanal abriu a conversa que teve comigo no celular ontem; além de avisar sobre o novo local de nossos embates esportivos, Thiago, sem saber, fez rodar em minha mente um filme que se passou em menos de um segundo. Se você não está entendendo nada, por favor, continue lendo. Mais para a frente tudo vai fazer sentido.

Eu conheci a turma do professor (de educação física na PUCRS) João em 2007. Eu havia acabado de deixar o time pelo qual jogava e o pessoal dele precisava de um goleiro; foi assim que entrei na vida da galera. Não posso dizer que sou amigo de todo mundo, mas mantenho uma relação civilizada com todos e bastante próxima de alguns. Descontado o tempo em que morei fora do Rio Grande do Sul, jogo bola com esses caras há cinco anos. De lá para cá, me acostumei a encontrá-los todas as segundas feiras; quando falto ou quando o jogo é cancelado, seja por qualquer motivo, minha semana fica incompleta, faltando alguma coisa.

Já aprendi a reconhecer mais ou menos cada um; o atencioso Maurinho sempre me cumprimenta efusivamente, mesmo quando chega atrasado; é comum vê-lo tirando os sapatos e calçando as chuteiras ali na quadra mesmo, sem tempo para ir ao vestiário; Erlon não perde dividida; viril, mas sempre com muita lealdade, carrega justificada fama de esquentado; quando ele se irrita e sai de quadra no meio do jogo, é inútil tentar convencer o cara a voltar; Satanás (que a despeito do apelido, é um ótimo sujeito) é pesado, mas bom de bola; seria craque, mesmo não sendo mais um juvenil, se tivesse uns trinta quilos a menos; quando sofre uma falta e cai no chão, ele mesmo grita “chama lá a Darci Pacheco”!

Hélio é a “contratação mais recente”; negrão de sorriso fácil e futebol simplificado, lembrando o Célio Silva, que fez carreira na zaga do Inter de Porto Alegre; foi meu colega de escola e pra mim, é um orgulho tê-lo de volta à minha vida após tantas idas e voltas, mundo afora; Thiago, o do telefonema, é o zagueiro com pernas estilo “CPI do congresso”: nunca terminam! Quando você acha que já deixou o cara para trás, ele está de novo à sua frente! O grupo tem dois Fabrícios, ambos bons de bola, capazes de decidir um jogo em um lance; Jefferson, quando erra, escuta coisas tipo “tira a franja dos olhos”; detalhe: o cara é completamente careca! Gilson, vulgo “Ratinho”, imortal como o time que ele torce; já derrotou duas cirurgias cardíacas; sua música seria aquela que diz “ele é o bom, é o bom, é o bom”; bom como artilheiro, bom como pai, bom como cidadão; bom até, dizem, como ex marido, mas aí já não sei; o simpático Paulo, ex atleta olímpico, é o que está sempre faltando; não sei o que ele faz, mas já ouvi dizer que ele anda até pela França; tem mania de dizer, ao fim dos jogos, que eu fui o destaque; bondade dele, quase nunca é verdade; ah, sim; tem também os que já saíram, como o Zé, irmão do professor João e o Augusto, dono dos mais longos (e nem sempre tão precisos) lançamentos ao campo de ataque; e tem o João, o professor; de pique fácil, está sempre alguns quilos mais magro; tem a missão de apaziguar os ânimos em todas as desavenças; cuca fresca, não sei como consegue, eu não conseguiria; engraçado, agora me ocorre que sou o único ali que o chama de “professor”, mesmo nunca tendo sido aluno seu; e assim, há cinco anos viemos juntos, dividindo jogos e historias de uma vida, que pelo menos às segundas feiras, tem algo em comum: a paixão pelo futebol. Naquela quadra, foram cinco anos que deixarão saudade; mas tudo o que começa acaba um dia; ou muda; e nós estamos mudando. Não o dia da semana, mas sim a hora e o local dos jogos. Seja bem vindo, novo tempo! Mais historias começarão a ser escritas a cada sete dias. E obrigado, amigos, por estarem em minha vida. Vejo vocês segunda feira que vem.

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