sábado, 30 de junho de 2012

Esporte de quem?

Quem gosta de futebol e o acompanha sabe que amanhã se conhecerá o campeão da Eurocopa 2012; a final entre Itália e Espanha será 15:45 da tarde, com transmissão ao vivo para dezenas de países; mesmo quem não torce para nenhum dos dois times, acaba tomando conhecimento dos fatos. Porém, uma coisa de que não gosto particularmente na transmissão do futebol moderno são esses horários de inicio (quinze pras quatro lá é hora de começar futebol? Futebol começa três e meia ou quatro horas, caramba! Quinze pras quatro é de hora de trem passar!) mas enfim, como ninguém me consultou para definir esse horário, vamos de quinze pras quatro, mesmo.

Contudo, se há algo que pode impressionar até mesmo quem não entende por que ninguém passa a bola para o baixinho de camisa preta, é a organização dos eventos esportivos europeus; sabem vender um espetáculo, esses gringos! Fazem de um jogo de bola, algo que acontece na esquina da sua rua, um mega acontecimento, que deixa o mundo todo com vontade de assistir; desde a publicidade, com os jogadores de maior destaque fazendo chamadas na mídia, até estádios com lugares marcados, teto retrátil e gramado deslocável. Sim, senhor. É de se admirar. O que vem por aí? Chip na bola? Aí, já é mais complicado; vamos deixar para os homens que decidem essas coisas.


Mas o que quero falar hoje me veio durante a transmissão da semifinal, entre Itália e Alemanha; o jogo já estava dois a zero para os italianos, com dois gols de Mário Balotelli; para quem não sabe, Balotelli é negro, naturalizado italiano e, após o segundo gol havia comemorado com muita “marra”, como se diz. Pois bem; pouco antes do fim do primeiro tempo, o mesmo Balotelli “sentiu dores” e caiu em campo, quando a bola estava nas mãos do goleiro alemão Neuer, o mesmo que levara os dois gols e que agora, se aprontava para chutar para frente, após praticar uma defesa; Neuer, no entanto, ao ver Balotelli caído, supostamente sofrendo de dores, não hesitou em chutar para fora, possibilitando o atendimento médico ao adversário.


Poderia encerrar a crônica aqui; não cabem interjeições de admiração quanto ao comportamento do goleiro; não cabem extensos parágrafos comparativos em relação ao comportamento dos jogadores brasileiros; até porque, tanto lá quanto aqui, creio que o mesmo se deve primeiramente a uma questão cultural, somente depois vem o que acontece dentro de campo; quero dizer, se aprende antes, fora (tanto o certo quanto o errado) e depois, se aplica em campo o que se aprendeu. Mais do que ficar admirado com a atitude humanista do goleiro alemão (em desvantagem no placar, o que sempre torna mais difícil ainda qualquer manobra no sentido se colocar o outro em primeiro lugar) fiquei com um forte desejo de ver a mesma atitude sendo praticada nos campos do meu Brasil; mas para isso, precisamos resgatar o ensinamento de que é correto pôr o outro em primeiro lugar, quando ele necessitar disso; depois, é preciso que os técnicos das categorias de base deixem de ensinar comportamentos errados com a justificativa de que são “malandragens”, “coisas do jogo” e outras explicações pouco lógicas e nada convincentes; ah, sim; precisamos também parar de ver futebol como esporte de pobre.

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